Por Flávia Furlan e Talita Moreira

A Nexoos, fintech que conecta pessoas físicas a pequenas empresas que buscam recursos no modelo “peer-to-peer” (P2P), emitiu R$ 25 milhões em debêntures, com vencimento em quatro anos, para atrair investidores institucionais à plataforma.

“Com a operação, nos convertemos em um marketplace, com captação de recursos de investidores pessoa física e institucionais para empréstimo a pequenas e médias empresas”, diz Nicolas Arrellaga, sócio-fundador da Nexoos, que já planeja uma nova emissão de debênture em outubro, de R$ 100 milhões. “A ideia é ter 30% dos investimentos vindos dos investidores institucionais ainda neste ano.”

Assim como a Nexoos, outras fintechs de crédito têm recorrido à emissão de debêntures para captar recursos, principalmente com investidores institucionais. O objetivo é acelerar os empréstimos e financiamentos a empresas e consumidores.

Com custos mais baixos e emissão mais ágil, esses títulos são uma alternativa aos tradicionais fundos de investimento em direitos creditórios. “Nos FIDCs, é preciso ter a figura de um administrador, um gestor e um custodiante, enquanto na debênture um assessor assume essas responsabilidades, uma alternativa mais leve e barata para créditos financeiros”, diz Martha de Sá, sócia da Vert Capital, que atuou na estruturação da debênture para a Nexoos.

Instituições financeiras já vinham apostando nessa estrutura, caso do BMG. Em 2017, o banco captou R$ 1 bilhão com a venda de recebíveis de cartões de crédito consignado à securitizadora da Vert, que, por sua vez, emitiu as debêntures no mercado.

Desde então, já recorreram à estrutura empresas como a Geru e a Rebel, plataformas de empréstimo pessoal para pessoas físicas, e a Gyra+, que atua no crédito para pessoas jurídicas. É possível fazer emissões a partir de R$ 1 milhão.

No caso da Nexoos, para a emissão, foi montada uma securitizadora de créditos financeiros exclusivamente para as captações da fintech, com assessoria da Vert, em uma figura jurídica separada, como tem sido a prática do mercado.

A nova securitizadora captou recursos com os investidores, com a expectativa de emprestá-los pelos próximos seis meses a empresas que recorrerem à plataforma da Nexoos para obter crédito. A debênture será paga à medida que esses empréstimos corporativos forem quitados.

No modelo desenhado, os sócios da Nexoos investiram 20% em cotas subordinadas da debênture, as primeiras impactadas em caso de inadimplência na carteira, funcionando como um “colchão” para as primeiras perdas. As cotas do tipo sênior, por sua vez, começarão a ser pagas primeiro. Nesse grupo, estão cinco gestores locais que investiram em média R$ 4 milhões com a expectativa de retorno de CDI mais 5,5% ao ano. No geral, os empréstimos da Nexoos rendem 18% ao ano aos investidores pessoas físicas.

A remuneração da Nexoos foi ajustada para trazer mais confiança aos investidores. No modelo tradicional, ela cobra cerca de 5% do tomador por empréstimo realizado. No novo, receberá parte no fechamento do empréstimo e o restante a cada pagamento realizado pela empresa – em caso de inadimplência, portanto, ficará sem o rendimento adicional.

A Gyra+, que oferece capital de giro a pequenos lojistas que vendem produtos em marketplaces, fez neste ano sua primeira emissão pública de debêntures. Captou R$ 15 milhões por meio de uma oferta com esforços restritos.

Segundo o fundador, Rodrigo Cabernite, os papéis foram distribuídos entre cinco investidores institucionais e saíram a CDI mais 5% nas cotas do tipo sênior. A subordinada tem taxa variável. Antes disso, a empresa havia captado R$ 9 milhões em três emissões privadas de debêntures.

Investidores institucionais têm olhado os ativos gerados pelas fintechs numa estratégia de diversificação e maior retorno, diante da queda da taxa de juro. “Esse é um caminho saudável e sem volta, com emissões cada vez maiores”, diz Martha, da Vert. “Mesmo porque as fintechs não vão se financiar no banco nem têm acesso a linhas subsidiadas de funding, então o mercado de capitais será essencial para essas empresas.”

Fonte: Valor Econômico – Autores Flávia Furlan e Talita Moreira

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